Numa simples reunião informal de comilões e degustadores, presenteei os participantes com meu então recente livro “A cadeira e o livreto”.
Passados alguns dias, encontrei uma senhora bem idosa e humilde que estava no mercado a fazer pequena compra, e resolvi dar a ela também um livreto.
No mesmo dia, fui a um posto de saúde e fui atendido por uma senhora super dedicada, atenciosa e eficiente; também lhe ofereci o meu livreto.
Passados alguns dias, a senhora idosa me procurou para dizer que havia lido e gostado muito do meu livro.
E agora, de acordo com o meu personagem, ela, ao cair da noite, reunia os netos e passava a ler um capítulo do meu livreto, e, sob salva de palmas, ao terminar o conto prometia nova programação para a noite seguinte.
E, quando precisei voltar ao posto de saúde, a atendente, quando me viu chegar, logo veio ao meu encontro dizendo que havia lido e relido esse meu livro e que o deixava à cabeceira de sua cama para que em todas as noites pudesse reler um capítulo.
Entretanto, profissionais liberais, a quem também dei alguns exemplares, não se manifestaram.
Encontrando um deles ao acaso, perguntei o que ele havia achado do meu livreto, e a resposta veio rápida e seca: “Não tive tempo de ler”.
Num outro dia, a um segundo, voltei a pergunta, e a resposta foi: “ Comecei a ler e não sei onde está o livreto.” A um terceiro, fiz a mesma pergunta e recebi a resposta firme: “ Que livreto?”
Com isso eu aprendi que as pessoas humildes são mais animadoras e sabem estimular os companheiros da vida!
Capivari, 07 de Agosto de 2017
Ludovico L.F. Sarcinella
