PARA QUEM NADA TEM A TEMER

Eu amo a minha liberdade, amo a honestidade das pessoas,
não a considero uma virtude, mas sim um compromisso.
Clarice Lispector

Ainda bem que o mal é descoberto e o bem sempre sai triunfante.
Assim, aquele que errou pode se corrigir e se modificar, encontrando paz de consciência. Afinal, é aí, na consciência, esse tribunal implacável, que o homem conhece o próprio “céu” ou o próprio “inferno”.
Feliz aquele que tem a consciência em paz, que pode olhar a todos sem envergonhar-se do que fez.
Que se conduziu com dignidade, sem faltar ao respeito com o seu irmão.
Feliz é o homem que, olhando o próprio passado, não teme que outros venham investigar os seus atos.
Porque ele próprio, tendo reconhecido os próprios erros, já se encarregou de lavar as manchas.
Esse aliás é um gesto de grandeza, de honestidade. E honestidade não é dever para poucos, mas para todos.
No mundo do poder, a corrupção criou raízes.
O papa Francisco, referindo-se sobre a matéria, comparou a corrupção à dependência química. É compulsiva.
O indivíduo não se satisfaz com uma só vez; ele voltará a praticá-la enquanto seu interior ainda é dominado pelo materialismo.
O mesmo comportamento está no adicto em álcool ou drogas: negação, mentira e desonestidade.
É, portanto, uma doença crônica e precisa de tratamento.
O estado dos indivíduos reflete o comportamento coletivo do planeta.
Vivemos num mundo conturbado, no qual se opera profunda transformação nos valores éticos e morais, os quais terão, mais tarde, reflexos na condição espiritual da humanidade.
A justiça tende a se fazer mais rápida, e isso vai acelerar a mudança das pessoas, porque as notícias, num mundo digitalmente conectado, chegam muito rápido aos cidadãos mais simples.
É claro que a desigualdade vai perdurar por um bom tempo ainda. Não nos enganemos. Porque a natureza não dá saltos.
Ai daqueles que ainda se locupletam dos recursos públicos e, revestidos de autoridade e poder ilusórios, continuam corrompendo os fracos, iludindo e manipulando as massas, pelos canais de comunicação.
Ai deles, porquanto não há mentira que possa resistir ao sol da verdade, ainda que tenham, a seu serviço, os melhores advogados do mundo e toda a doutrina do Direito na ponta da língua!
Ai deles, porque o escândalo vem. Ainda que demore um pouco mais para alguns políticos, ele sempre vem, porque não há sujeira que fique todo o tempo sob o tapete.
E que os cidadãos de bem, escandalizando-se, não venham incorrer nos mesmos erros, mas façam brilhar a verdade, a decência e a ética.
Em vez de se converter em juiz do próprio irmão, que se façam espelhos, exemplos de retidão para os demais.
Pascal, retornando do túmulo, ditou preciosa mensagem, sob o título “A verdadeira riqueza”, que foi inserida por Allan Kardec em O Evangelho segundo o Espiritismo.
Nela o filósofo e pensador diz que o homem, de passagem pela Terra, vai retornar à sua verdadeira pátria, a espiritual, e que a boa vida lá é conquistada pelos méritos e não pelos bens.
Afirma ainda o pensador francês que da Terra levaremos somente três coisas: a inteligência, o conhecimento e as ações (boas ou más).
E que somente o mérito pode nos dar um repouso ou uma melhor condição na Vida do Além.