Sou cardíaco, diabético e velho. O vírus que me pegar vai ganhar a Tríplice Corona. Viva o SUS.
Luís Fernando Veríssimo, 84 anos, Porto Alegre-RS
Minha filha, formada pela PUC Campinas em terapia ocupacional, especialista em acupuntura pela Escola CEATA e com estágio na China, fez também um curso de hipnose, trabalhou em hospital psiquiátrico, também em consultório particular, depois resolveu ser gerente de recursos humanos e por fim deixou essa atividade para ser coordenadora do Teto & Afeto – Família Acolhedora de Capivari.
Tem quatro filhos. Abriu mão de um fim de semana com seus filhos, deixando-os com o marido, para cuidar de um bebê, M., acolhido no Teto & Afeto, e para ficar na Santa Casa de Misericórdia de Piracicaba, onde se encantou e se emocionou com o atendimento oferecido pelo SUS, quarto aconchegante, com cama confortável para o acompanhante, ar condicionado, TV e boa alimentação.
Também acompanhou a cirurgia, na Santa Casa de Misericórdia de Capivari, do menor L., também acolhido no Teto & Afeto, por um destacado cirurgião de Capivari, igualmente pelo SUS, fazendo apenas elogios sobre o rápido e cuidadoso atendimento recebido.
Dois “Brasis” num mesmo país, não por culpa do Criador – Deus –, mas pelo egoísmo humano e pela aplicação, muitas vezes, injusta das leis.
Quando a mulher de Sérgio Cabral (do Rio de Janeiro), advogada e envolvida nos processos do marido, presa, entrou com recurso para cuidar dos filhos menores de idade, o Supremo concedeu. Algumas mulheres presas aproveitaram a “deixa da generosidade” do STF com a mulher do ex-Governador do Rio e entraram também com recurso na Justiça, obtendo o mesmo benefício. Enquanto isso, muitas proletárias com filhos permanecem encarceradas, inclusive aquelas que o filho nasceu no presídio.
Os juízes pleiteavam para si o teto salarial de R$ 33.763,00 por mês; já os desgraçados filhos do outro Brasil dizem: “Queremos teto”. Muitos esperavam que a prisão após a condenação em segunda instância fosse aprovada, porém, o STF com maioria de apenas um voto foi contrário. O Brasil é contra a descriminalização da maconha e das drogas, mas dois ministros do STF já votaram a favor.
A campanha “fique em casa” é muito boa para concursados, aposentados, funcionários públicos, para quem dispõe de recursos financeiros. E para os autônomos? Eles têm seus filhos que pedem comida, têm contas e aluguel para pagar… e quem banca?
O lockdown não resolve, pois apenas uma minoria tem meios de sobreviver, e o governo não tem recursos para sustentar a população sem aumentar os impostos. Sem as vendas do comércio e sem a produção das indústrias, a falência é iminente.
Mas, o brasileiro é corajoso, veja o que o desemprego e o protagonismo fizeram em 2020: 3,359 milhões de empresas foram abertas no Brasil enquanto 1,044 milhão foram fechadas – essa movimentação foi divulgada pelo Ministério da Economia, no mês de fevereiro de 2021 .
O Congresso abriu um novo processo com apoio do STF para investigar o passado, enquanto isso continuamos morrendo pela COVID-19. Por que não nos unirmos para resolver as questões dos leitos de UTI em hospitais, da disponibilidade de oxigênio, da compra de vacinas? Vamos gastar tempo e dinheiro para um passado que não volta, tudo por mesquinharias políticas, enquanto o povo “se ferra”.
Ainda bem que temos o SUS, viva o SUS. E que venha a vacina – não dependemos do STF e nem do Congresso.
1 www.jornalcontabil.com.br/em-2020-o-brasil-abriu-2,3-milhoes-de-empresas-a-mais-do-que-fechou