Com o início da Quaresma também se começa um tempo preparatório e propício para que os fiéis se aproximem de Jesus, a fim de celebrar com maior dignidade Sua paixão, morte e ressurreição. Não é apenas feita uma memória, mas sim a vivência de tudo o que Cristo viveu. Para isso, a Igreja apresenta três obras quaresmais no Evangelho da Quarta-feira de Cinzas, onde Ele se dirige a seus discípulos advertindo-os em relação a esmola, ao jejum e a oração. O sentimento que permeou e deve permear os discípulos de Cristo é a busca da Salvação, e nesse tempo oportuno os cristãos possuem a chance de se aproximarem cada dia mais Dele, e para isso se faz necessário compreender o sentido e importância de cada prática quaresmal.
A primeira prática leva os membros da Igreja a aproximação de Deus através do próximo: Jesus no Evangelho de Mateus o apresenta a esmola, ou seja, a caridade, o cuidado, a preocupação com o próximo, um olhar misericordioso com aqueles que carecem. Tudo isso se torna atraente aos olhos de Deus, à medida que também possui a capacidade de aproximar cada um dos homens da santificação. Na quaresma essas obras devem se tornar mais expressivas, sensíveis para uma vivência fraterna. Jesus também vai advertir: “que tua mão esquerda não saiba o que faz a tua direita”, a fim de que os atos sejam feitos de coração sincero, visando o bem do próximo e não apenas para um reconhecimento humano, mas sim atraente aos olhos de Deus.
No decorrer do tempo quaresmal todos são convidados a fazer jejum – e em outros momentos abstinência. O jejum apresentado por Cristo tem um sentido muito importante para o crescimento do católico, à medida em que este o pratica, mostrando assim que quem tem o poder sobre as vontades e desejos são os próprios homens, não agindo através de extintos e impulsividades: “se minha dificuldade está na alimentação sou convidado a fazer o jejum alimentar” – como a Igreja pede na Quarta-feira de Cinzas e Sexta-feira Santa; “se minha dificuldade está nas redes sociais, devo fazer jejum delas, retirando essa prática ou reduzindo suas utilizações nestes quarenta dias de exercícios espirituais.”
Por fim, apresenta-se a oração, prática que está sincronizada com as anteriores, ou seja, caminhando lado a lado com cada uma delas. Sendo assim, pouco adianta ajudar ao próximo ou realizar grandes jejuns e abstinências sem que o penitente possua uma vida intensa de oração, afinal, é esta mesma oração que gera no homem a força para o pleno cumprimento de todos os ensinamentos de Jesus.
Sabendo-se disso, torna-se mais fácil – não no ponto de vista humano, mas sim no ponto de vista espiritual – a busca da realização destas obras no período quaresmal, para que o homem possa assim participar – mesmo que seja de forma mínima – dos sofrimentos de Jesus Cristo. Ainda é tempo de praticar essas obras, à fim de que cada membro morra para os pecados e para as vontades carnais e ressuscitem com o próprio Cristo.
Carlos Augusto Moreira Zocca