Causos – A morte da tartaruga

O menino foi ao quintal e voltou chorando: a sua tartaruga tinha morrido. A mãe foi ao quintal com ele, mexeu na tartaruga com um pau e concluiu que a tartaruga tinha morrido mesmo.
O garoto chorava com mais força. A mãe, no começo, ficou com pena, depois ficou aborrecida com tanto choro. A mãe prometeu comprar outra, mas o menino queria aquela viva. Prometeu comprar um carrinho, um velocípede, lhe prometeu dar uma surra, mas o menino estava realmente abalado.
“Cuidado, senão você acorda seu pai.” E o pai acordou e veio… A mãe explicou a situação e que o berreiro do menino já durava mais de meia hora.
O pai propôs: “se ela está morta não adianta você chorar, sei que você gostava muito dela. Vamos fazer para ela um grande funeral.”
“Que é funeral?”
E o pai caprichou:

  • “Nós vamos a loja e compramos uma linda caixa, bastante velas, balas, bombons, doces e sucos e botamos a tartaruga na caixa sobre a mesa da cozinha e a rodeamos de velas acesas. Convidamos os meninos da vizinhança, comemos e bebemos, cantamos para ela, você assopra as velas, pega a caixa e vamos ao quintal. Abrimos um buraco, enterramos a tartaruguinha e colocamos uma pedra com o nome dela e a data que ela morreu.
    O garoto já estava com outra cara. “Oba, ela vai ficar contente lá no céu. Vou buscar ela para o funeral. “E saiu correndo e do quintal veio o grito – “Papai, ela está viva”.
    O pai correu para o quintal e a tartaruga estava andando normalmente. “Que bom. Ela está viva. Não vamos ter que fazer o funeral.”
    – “Vamos sim, papai.” E o menino ansioso, pega uma pedra grande e diz: “Eu a mato.”
    “O importante não é a morte, é o que ela nos tira.”