Os espíritos se comunicam com os familiares?

E disse ele: Rogo-te, pois, ó pai, que o mandes à casa de meu pai, pois tenho cinco irmãos, para que lhes dê testemunho, a fim de que não venham também para este lugar de tormento. (Jesus, em Lucas 16:27-28)

Podem, sim, os mortos falar com os vivos. Podem fazê-lo através do sono ou diretamente à pessoa acordada, se essa possui sensibilidade para captar a mensagem. De outras vezes, porém, precisam de um intermediário, que é o médium, antigamente chamado de “profeta”. Só que eles não podem fazer por nós aquilo que não fazemos – acreditar na vida futura e praticar o bem –, como era o caso da família do mau rico da parábola de Jesus.
Uma sentença de Allan Kardec diz: “Fé verdadeira é aquela que pode encarar a razão, face a face, em todas as épocas da humanidade”.
Esse pensamento diz que nossa convicção religiosa não deve ser apenas um ímpeto que bastaria por si, sem questionamentos, sem coerência com a lógica e o discernimento. Em algum momento, esse ímpeto vai acabar. Não cultivando a fé verdadeira, caímos na ignorância, como acontece com muitos de nós – por exemplo, em relação à ressurreição dos mortos diretamente do corpo sepultado. Muitos acreditam que o espírito do morto dormirá até um juízo final, quando todos os defuntos irão ressurgir em seus corpos de origem, mesmo que estes já tenham há milênios ou séculos se transformado em pó, sendo seus átomos utilizados em outros corpos da natureza.
Essa é uma das ideias que não teriam fundamento na “fé verdadeira”, ou seja, aquela fé que pode ser confrontada pela razão; trata-se de uma ideia sem nenhuma comprovação, considerada apenas com base em especulações teológicas de passagens dos testamentos, tanto do velho como do novo.
Com a vinda do consolador prometido, que é o espiritismo, abriu se a porta das comunicações do Além com o Aquém, ou seja, dos “mortos” com os “vivos no corpo”.
O médium Chico Xavier, por exemplo, recebeu mais de duas mil cartas de espíritos para seus familiares, cartas que trouxeram informações da passagem para a vida espiritual, de quem os recebeu nesta nova vida e de como estão no mundo espiritual.
Algumas dessas comunicações trazem, além dos assuntos familiares e detalhes íntimos só conhecidos pelos envolvidos, a prova das próprias assinaturas, como diz dona Therezinha, a mãe de uma comunicante: “Tudo que contém a aludida mensagem é de minha Egle, não só a redação e assuntos nossos, como também sua assinatura”.
Num trecho dessa mensagem, o espírito Egle diz: “A vovó Hebe e a vovó Clementina foram minhas instrutoras nos meses últimos e fizeram-me reconhecer que o amor só é realmente amor quando liberta a pessoa amada. E desejo que o nosso Roberto receba de Deus a felicidade que ele fez por merecer”.
Hebe – avó materna, era falecida em 25-04-1976; Clementina – bisavó materna, tinha falecido em 04-03-1955; elas ampararam o espírito da neta/bisneta na casa delas na vida espiritual, orientando-a que recomendasse ao ex-marido (Roberto) uma vida feliz.
Também no Novo Testamento temos a prova de que os espíritos se comunicam com os encarnados, registrada em Marcos (9:4): “E apareceu-lhes Elias, com Moisés, e falavam com Jesus”, ou em Mateus (17:3): “E eis que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com ele”.

Citações: Evangelho de Lucas, Marcos e Mateus; Evangelho segundo o Espiritismo e Correio do Além, os dois últimos pela Editora EME.