Transfiguração de Jesus

Quando Deus veio à terra, na pessoa de Jesus, adotou uma forma humana.
Fisicamente, Jesus se parecia como qualquer outro homem. Ele teve fome, sede, cansaço, etc.
Sua divindade foi vista apenas indiretamente, em suas ações e suas palavras.
Mas, numa ocasião, a glória divina interior de Jesus resplandeceu e se tornou visível.
A Bíblia revela um Deus unido, composto de três pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
João 1:1-2 diz: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus”. Jesus estava com o Pai desde o princípio, compartilhando de sua natureza divina.
Então, Jesus deixou o céu e veio à terra. “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai” (João 1:14). Fisicamente, Jesus tinha todas as características de um homem; espiritualmente, ele compartilhava da natureza de Deus. Na transfiguração, sua glória interna tornou-se visível externamente. A história é contada em Mateus 17:1-8:Jesus levou Pedro, Tiago e seu irmão João consigo até o alto de uma montanha e transfiguro-se diante deles; o seu rosto resplandeceu como o sol, e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz.” Neste momento, os profetas Elias e Moisés aparecem e Jesus começou a conversar com eles. Lucas 9:32 é mais específico e afirma que os apóstolos “viram a sua glória”.
A teologia cristã atribui grande importância à transfiguração por diversos motivos. O evento é considerado um marco e sua localização no alto de uma montanha representa, na doutrina cristã, o ponto onde a natureza humana se encontra com Deus: O encontro do temporal com o eterno, com o próprio Jesus fazendo o papel de ponte entre o céu e a terra.
Além disso, assim como no seu batismo, a transfiguração reforça a identidade de Jesus como Filho de Deus. A expressão “ouvi-o” também o identifica como sendo o mensageiro e o porta-voz de Deus.
A importância desta identificação é ainda reforçada pela presença de Elias e de Moisés, pois indica aos apóstolos que Jesus é a voz de Deus e, ao invés de Elias ou Moisés, deve ser ouvido, o que, para alguns teólogos, é o sinal de que a lei do Antigo Testamento foi suplantada através da relação filial de Jesus com Deus.
O trecho na epístola de Pedro ecoa a mesma mensagem: na transfiguração, Deus atribui a Jesus uma “honra e glória” especial e o evento é um momento de virada no qual Deus exalta Jesus acima de toda a criação, posicionando-o como governante e juiz.
A transfiguração também reflete o ensinamento de Jesus de que Deus não é «Deus de mortos, mas de vivos» (Mateus 22:32). Mesmo Moisés tendo morrido séculos antes e Elias tenha sido carregado para o céu (em II Reis 2:11), eles agora vivem na presença do Filho de Deus, implicando que o mesmo retorno à vida se aplica também a todos que estão sujeitos à morte e tem fé.
Os apóstolos que subiram ao monte confusos desceram convictos. Ao longo da vida destes três, percebemos a convicção que levou todos eles ( e nos leva hoje também) a se entregarem por completo ao Senhor. Jesus havia os convidado a tomar a cruz e lhe seguir.
Tiago foi o primeiro apóstolo morto por sua fé (Atos 12:1-2). Mesmo assim, os outros, inclusive seu próprio irmão, João, continuaram na sua dedicação a Jesus.
João provavelmente foi o último dos apóstolos a morrer. Ele serviu ao ponto de ser exilado por causa da sua fé, mas não abandonou a sua convicção. Este apóstolo fez várias afirmações que mostram sua certeza absoluta da divindade e autoridade daquele que mostrou a sua glória no monte (veja João 1:14; 20:30-31; 21:24-25).
Pedro sofreu bastante, mas nunca desistiu da sua missão e nunca esqueceu daquele momento no monte. No final da sua vida ele incentivou os outros a serem fiéis e escreveu estas palavras: “Porque não vos demos a conhecer o poder e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo seguindo fábulas engenhosamente inventadas, mas nós mesmos fomos testemunhas oculares da sua majestade, pois ele recebeu, da parte de Deus Pai, honra e glória, quando pela Glória Excelsa lhe foi enviada a seguinte voz: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo. Ora, esta voz, vinda do céu, nós a ouvimos quando estávamos com ele no monte santo. Temos, assim, tanto mais confirmada a palavra profética, e fazeis bem em atendê-la….” (2 Pedro 1:16-19).

Nós Precisamos Contemplar a Glória da Majestade de Cristo
Nós, também, vivemos num mundo confuso. Muitos rejeitam e zombam de Jesus, optando por crenças mais modernas que se encaixam melhor nas tendências da sociedade atual.
Mas a mensagem de Jesus não se ajusta aos desejos dos homens. Enquanto muitos buscam a realização dos seus sonhos, ele ainda exige nosso sacrifício total. Qual possível motivo teríamos para suportar tentações, provações e privações no serviço a Jesus? A única coisa que nos move a isto e pode nos dar a vitória diante destes desafios constantes é a fé verdadeira em Cristo (1 João 5:4). Por meio destes relatos, nós também “vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai” (João 1:14).
Apreciar a verdadeira glória de Jesus nos leva a entender e compartilhar o sentimento de Paulo, que se dedicou à pregação do evangelho, revelando o mistério de Cristo aos santos, “aos quais Deus quis dar a conhecer qual seja a riqueza da glória deste mistério entre os gentios, isto é, Cristo em vós, a esperança da glória” (Colossenses 1:27).
No ritual romano, a transfiguração é lida no segundo domingo da quaresma, cuja liturgia enfatiza o papel de que a transfiguração teve ao reconfortar os doze apóstolos, para não se escandalizarem com a sua Paixão e morte na Cruz, o que para eles foi um trauma e um grande desafio dando-lhes uma prova poderosa da divindade de Jesus, um prelúdio da glória da ressurreição na Páscoa, e sobre a eventual salvação de seus seguidores à luz da aparente contradição de sua crucificação e morte.


Equipe do Crisma